Abri a gaveta de um móvel já antigo e entre lembranças e esquecimentos, lá estava bem no fundo um pequeno caderno. Meu caderno de infância. Lá, já ia vencido pelo tempo, poeira e histórias perdidas num empilhamento de folhas sem meus maiores desejos ou sonhos ou histórias. Apenas folhas…
Era chegada a hora de pintar as estrelas que do meu céu caem nos meus dias, como a mágica escondida nos desejos esquecidos. Para que caíssem suavemente, pintei as bordas com um amarelo bem fraquinho que era um sol que aquecia mas não secava, nem queimava, apenas amortecia o impacto. Ele as transformou em líquido brilhante que amansou o medo. Ao soprar de uma brisa leve, foi para bem longe e sem apreço as dúvidas que atormentavam.
De ponto em ponto, percorri a trajetória daquele universo infinito que passei… a vida tornou-se fluída, amores fluídos, amor para sempre, sonhos de sempre, desejos interrompidos.
Meus dedos agora sentem a força das palavras atraindo para si o calor das tintas que as fotografaram, cada uma mostra agora seu tempo e com ele tudo o que ficou num lugar onde não se pode tocar. De folha em folha… muitas flores!